domingo, 27 de janeiro de 2013

Vidas paralelas Os merceeiros



Juan Roig, fundador e dono da rede de supermercados espanhola Mercadona, cujo modelo de negócio é admirado em todo o mundo costuma dizer que “en Mercadona, la clave del éxito pasa por mantener la mentalidad de tendero”. Mas estes dois portugueses estavam na indústria quando decidiram derivar para a grande distribuição, o outro nome do comércio. No início dos anos 90 forma atraídos pela internacionalização e pelo Brasil em particular com investimentos onerosos em redes de distribuição num país que falava a mesma língua mas não vive nem pensa da mesma maneira. E neste afã houve uma certa bulimia. Tentaram-se pelo retalho especializado com uma partir para Espanha e o outro a engalanar-se com uma marca de topo britânica. E nesta orgia de negócios um deles apostou na Polónia. Falharam na viagem a imitar Pedro Álvares Cabral, mas a aposta no Leste europeu, depois de 11 anos a perder dinheiro e ter dores de cabeça que nenhuma aspirina curava, revelou-se uma espécie de Euromilhões, com a vantagem de acontecer todos os anos em vez de uma vez na vida. Sempre erigiram a ética nos negócios como padrão de vida, a eficiência fiscal como lema de eficácia empresarial e a defesa do bem comum como causa pessoal. Têm o sonho de ser se tornarem nos Sages da Democracia mas enquanto um o faz em nome pessoal e anda de conferência em conferência, discurso em discurso, entrevista em entrevista, o outro rodeou-se uma fundação e da sua máquina de promoção comunicacional. Já encontraram os herdeiros, Paulo e Pedro, como os dos apóstolos, que, com pouca diferença no tempo, assumiram os destinos dos impérios, têm raio de acção mas o olho paterno mantém-se atento e protector. A anomia do mercado interno levou os seus grupos para novos mercados em busca de um novo maná. Um aproveitou uma porta amiga em África, o outro, depois da Polónia, demandou o Pacífico. Um nega-se a investir em Angola por causa das corrupção, o outro poderia arguir que não foi para a Colômbia pela nebulosa que envolve os direitos humanos naquela democracia.
Os merceeiros são Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos. 

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