quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Parte III Os empresários segundo Vasco Pulido Valente


Parte III
Nesta mundivisão de Vasco Pulido Vantes sobre os empresários portugueses há ainda dois outros temas recorrentes. Primeiro, a relação dos empresários com o Estado: “quando as coisas correm bem, os senhores empresários portugueses protestam persistentemente contra a intrusão do Estado nos seus negócios. Quando as coisas correm mal – como qualquer operário, “artista” ou funcionário público – os senhores empresários portugueses pedem ao Estado a sua salvação. Nisto, os senhores empresários portugueses são mesmo portugueses. Não se limitam a exigências razoáveis (o alívio da burocracia, a reforma fiscal ou a reforma das leis laborais), esperam da suposta omnipotência do poder uma intervenção decisiva. Desde o seu trémulo princípio que o capitalismo português, como nenhum outro na Europa, viveu da protecção do Estado, de que recebeu privilégios sem fim. Não vale a pena contar essa longa história em que o PREC foi a excepção e não a regra. Infelizmente parece que o hábito ficou”.
Em segundo lugar, surge a inveja, a irritação e a concomitante caça aos políticos, aos ricos e aos empresários. “Era fatal que o empobrecimento do país (mais rápido do que previa a ingenuidade do cidadão distraído) provocasse uma ou outra forma de caça às bruxas das muitas que a cultura indígena costuma produzir. Os políticos costumam servir de primeiro alvo: porque usam o poder (que se imagina enorme) em seu próprio benefício e porque exploram e desprezam o povo. Os ricos (mesmo sem dinheiro) são o segundo alvo, sobretudo se andaram na política, porque se fizeram fatalmente à custa da pobreza do próximo. E, em versões mais sofisticadas, também aparece, como terceiro alvo, o horrível empresário português, que vive da protecção e do favor do Estado, foge do risco e não cria verdadeira riqueza. Dantes também se perorava muito contra os funcionários públicos, que hoje, protegidos pelo número, gozam de uma certa imunidade”.

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