quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Os sete hábitos que ficam de Stephen Covey


Stephen Covey morreu aos 79 anos, e deixou como herança uma grande influência na prática da gestão dos últimos trinta anos ao centrar na eficácia pessoal o sucesso das organizações.
 “O profeta Moisés entregou os Dez Mandamentos. A psiquiatra trouxe os Cinco Estádios do Luto. Stephen Covey deu-nos Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” escrevia Business Week no obituário de Stephen Covey, o guru da gestão que faleceu a 16 de Julho de 2012 no Eastern Idaho Regional Medical Center, em Idaho Falls, devido a complicações operatórias depois de uma queda de bicicleta em Abril deste ano.
Muitas vezes Stephen Covey era considerado um guru do Óbvio, mas quando a sua mensagem surgiu era inovadora porque, como explica a The Economist no seu obituário, “nessa altura, quando os outros gurus da gestão estavam obcecados em construir a melhor organização, Covey defendia que o carácter pessoal, o objectivos e a autodisciplina era o que de facto funcionava. Covey ensinava que os empregados não eram umas meras rodas de uma engrenagem que se movia à base de prémios e castigos mas indivíduos”. O best-seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, cuja primeira edição surgiu em 1989, vendeu 20 milhões de cópias em 75 países e ocupou a lista de mais vendidos por oito anos consecutivos. Três dos seus livros seguintes venderam, cada um, mais de um milhão de exemplares, alguns deles traduzidos na língua portuguesa como “O 8º Hábito - Da Eficácia à Grandeza” (Dinalivro); Os 7 Hábitos das Famílias Altamente Eficazes (Best Seller); A Terceira Alternativa: Estratégias e soluções para resolver os problemas mais difíceis da vida (Gestão Plus).
Famoso pelos sete hábitos ( a que acrescentou um oitovo, da eficácia à grandeza), estes foram a base do sucesso da sua consultora, a Covey Leadership Center que em 1997 se fundiu com a Franklin Quest dando origem à FranklinCovey, empresa dedicada à melhoria da eficácia empresarial, com escritórios em 123 países e que tem como clientes 90% das 100 maiores empresas do ranking da Revista Fortune. Em Portugal é a CEGOC-Tea que, desde 2002, representa as soluções, conteúdos, metodologias e ferramentas desenvolvidas pela FranklinCovey, que  é líder mundial em soluções de melhoria da eficácia das pessoas e das Organizações (liderança, eficácia e produtividade pessoal).  Em Março de 2008 fundou o Stephen Covey's Online Community com cursos online e era um dos diretores da Points of Light Foundations.
Nasceu a 24 de Outubro de 1932 em Salt Lake City, Utah e como era bisneto de Stephen Mack Covey que fundou os hotéis Little America em Granger, Wyoming, elegeu o curso de gestão  que frequentou na Universidade de Utah, seguindo-se o MBA em Harvard. Mas uma palestra fê-lo mudar de ideias e trocar uma promissora carreira como empresário pela de professor de comportamento organizacional tendo-se doutorado na Brigham Young University (Utah), onde foi professor, que considerava “a missão da sua vida”. Influenciado por Peter Drucker, nomeado o artigo The Effective Executive de 1966, fez a sua tese de doutoramento sobre a literatura de auto-ajuda que existia há 150 anos no universo anglo-saxónico como os livros de Dale Carnegie ou o Self-Help de Samuel Smiles de 1859.
As suas teses também foram profundamente influenciadas pela sua fé mórmon. Os seus crentes acreditam que Deus criou o mundo a partir do caos por isso têm uma especial reverência pela organização. Além disso, os jovens têm de servir como missionários durante dois anos, o que lhes permite conhecer outras línguas e outras culturas, e lhe dá um sentido de persistência, pois, como se escreve na revista The Economist, “ têm de vender um produto para o qual quase não há procura”. No entanto, Stephen Covey negou sempre que as suas ideias fossem determinadas pelas suas crenças e dizia que a suas ideias estavam baseadas em grandes pensadores como Buda, Sócrates e Viktor Frankl, um sobrevivente dos campos de concentração nazis de quem foi amigo.
Stephen Covey foi consultor pessoal de Bill Clinton, do ex-presidente do México, Vicente Fox, do sul-coreano Kim Dae Jung e de CEOs de grandes empresas em todo o mundo. E tinha um olhar muito crítico sobre os tempos de crise. Em Novembro de 2008 à revista Exame do Brasil, Stephen Covey dizia que um em cada quatro CEOs que conhecia estava no lugar errado porque não reuniam as qualidades básicas de um líder: “falta-lhes força moral e competência, eles não escutam e não têm humildade. São orgulhosos, elegantes, enrolam e não são gentis como deveriam. Não têm consideração e não têm habilidade para se comunicar, organizar e planejar. Nada prejudica mais a liderança do que ser orgulhoso e elegante. É preciso mais que elegância para ser um líder. É preciso objetivos claros. Por que as pessoas não alcançam os objetivos propostos? Porque muitas pessoas nem conhecem esses objetivos! Todo mundo sabe o que está acontecendo dentro da empresa? Todo mundo sabe as respostas para as perguntas? Informação transparente é o maior desinfetante dentro das empresas, além de alavancar crescimento”.
No meio desta intensa crise económica e financeira o seu conselho aos CEOS era “encontre o problema e resolva-o. Descubra a necessidade e supra-a. Quando você sabe quais são os problemas e os compreende, tenta solucioná-los. Isso vai garantir o seu emprego e torná-lo apto a qualquer cargo. Deixe de se fazer de vítima e pare de achar culpados, pare de criticar, pare de se comparar com outros, pare de se queixar e assuma a responsabilidade de fazer coisas boas acontecerem”.
Para Covey a “liderança é uma escolha, não uma posição. Qualquer um dotado de princípios vai encontrar um círculo de influências, vai crescer e se tornar um líder dentro desse círculo mesmo sem ter um cargo de chefia. Aqueles que servem, desenvolvem mais autoridade. Aqueles que mandam, perdem autoridade”. Para influenciar pessoas é essencial “ser confiável” e depois “ter habilidade para comunicação e disposição para ouvir e entender as necessidades e os problemas dos outros e ajudar a resolvê-los”.
Vivia com esposa, Sandra, em Provo, Utah, era pai de nove filhos e tinha 52 netos e 6 bisnetos. Tinha como máxima inspiradora: “life is short, so live, love, learn, to leave a legacy”.

O círculo mórmon
Stephen Covey era, como Mitt Rommey, actual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, da religião mórmon, ou melhor, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. E no campo da gestão já deixa sucessor, que é Clayton Christensen de Harvard. Como escrevia recentemente a revista The Economist “menos de 2% dos norte-americanos são mórmons, ainda que a sua proeminência comercial desminta os números”. Assim, além de Mitt Romney, que fundou a Bain Capital, Jon Huntsman senior fundou a Huntsman Corporation, empresa química, David Neeleman criou a JetBlue nos EUa e a Azul no Brazil, Ralph Atkin lançou a SkyWest Airlines, Eric Varvel lidera a divisão da banca de investimento do Credit Suisse, Harris Simmons o Zions Bancorporation, Allan O'Bryant está à frente do Reinsurance Group of America no Japão e o herdeiro J.W. Marriott mantém-se à cabeça da cadeia hoteleira fundada pelo pai. Os mórmons são também o terceiro esse que se diz domina Harvard, sendo os outros dois a McKinsey e os militares. 

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