terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tudo o que é sólido se dissolve no ar

Há uma frase de Karl Marx no Manifesto do Partido Comunista que é muito glosada e que diz que “tudo o que é sólido se dissolve no ar”. De facto a frase anterior é menos melódica e publicitária mas talvez tão interessante na sua íntegra é “todas as relações fixas, cristalizadas, com o seu cortejo de ideias e opiniões veneráveis, são varridas; todas as novas relações se tornam antiquadas antes de chegarem a consolidar-se”. Nesta aventura da modernidade é citada ciclicamente e parece sempre adequar-se aos tempos que correm, seja pelos ciclos em que o capitalismo é fértil, seja actualização do mito do eterno retorno.
Mas a actual crise na Europa parece reiterá-la com frequência, tanto pela sua duração (2008) como pela intensidade em que numa espécie de tempestade perfeita coincidiram as crises bancárias, de dívida soberana e económica (problemas de crescimento e competitividade). Na sua adequação começa a ser dedilhada pelos gestores, como se tivessem fascinado pela sua plasticidade. Como dizia recentemente Federico González Tejera, NH Hoteles, que tem 400 hotéis e 20 mil empregados, “já não há quase nada fixo nem permanente, e há que ter flexibilidade e agilidade para se adaptar à situação com que se depara e, com independência dela, poder ter os resultados que se pretendem”.

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