Há uma frase de Karl Marx no Manifesto do
Partido Comunista que é muito glosada e que diz que “tudo o que é sólido se
dissolve no ar”. De facto a frase anterior é menos melódica e publicitária mas
talvez tão interessante na sua íntegra é “todas as relações fixas,
cristalizadas, com o seu cortejo de ideias e opiniões veneráveis, são varridas;
todas as novas relações se tornam antiquadas antes de chegarem a consolidar-se”.
Nesta aventura da modernidade é citada ciclicamente e parece sempre adequar-se
aos tempos que correm, seja pelos ciclos em que o capitalismo é fértil, seja
actualização do mito do eterno retorno.
Mas a actual crise na Europa parece reiterá-la
com frequência, tanto pela sua duração (2008) como pela intensidade em que numa
espécie de tempestade perfeita coincidiram as crises bancárias, de dívida
soberana e económica (problemas de crescimento e competitividade). Na sua
adequação começa a ser dedilhada pelos gestores, como se tivessem fascinado
pela sua plasticidade. Como dizia recentemente Federico González Tejera, NH
Hoteles, que tem 400 hotéis e 20 mil empregados, “já não há quase nada fixo nem
permanente, e há que ter flexibilidade e agilidade para se adaptar à situação
com que se depara e, com independência dela, poder ter os resultados que se
pretendem”.
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