segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

As motivações dos empresários



O que leva alguém a tornar-se empresário? E quando já tem uma fortuna?


O que leva alguém a querer ser empresário? As razões são múltiplas e variadas, mas seria difícil imaginar uma justificação como a que Rui Nabeiro deu no seu livro, feito em parceria com o alpinista João Garcia: “Quando resolvi criar a minha empresa, o meu objectivo era simples: ter uma vida mais descansada. Mas sucedeu o contrário.” As principais motivações dos empresários e empreendedores são o desejo de criar riqueza, a vontade de realizar a sua própria ideia e a ambição de ter a sua própria empresa, como concluía um estudo feito pela Kauffman Foundation of Entrepreneurship, em julho 2009, com o título A anatomia de um empreendedor, e que é da autoria de Vevik Wadhwa, Raj Aggarwal, Krisztina Holly e Alex Salkever. Em Portugal, a principal motivação para alguém se tornar empresário é a “perspectiva de ganhar mais dinheiro” (47,5%), seguindo-se a realização pessoal (“Desejo de novos desafios”) com 44,6% e a independência (“Desejo de ser o meu próprio patrão”) com 32,7%, segundo dados de um estudo do INE apresentado em maio de 2007. A intensidade desta vontade, ambição e autonomia para realizar e ganhar fazem com que, como dizia o empreendedor Nélson Quintas, o empresário esteja sempre a desempenhar as suas funções e “só deixa de ser empresário em dois momentos: quando dorme e quando morre”.

Mas o que é que leva alguém que já tem uma fortuna a continuar a investir e a trabalhar? A cobiça e a ganância podem ser uma explicação, tanta vez repetida com a acentuação dada por Michael Douglas no filme Wall Street: “A ganância é boa.” Mas há quem também veja na fortuna uma certa ética de responsabilidade, como é o caso de Belmiro de Azevedo, para quem “a posse do dinheiro cria a obrigação de o investir bem, de criar emprego. Eu sinto-me um feitor, um curador, desse dinheiro. O dinheiro não vai com as pessoas para nenhum sítio. E, à vezes, até complica, criando problemas de sucessão”. Há outros casos em que parece surgir o imperativo do trabalho como forma de realização. Certo dia, o pai de João Macedo Silva, que fundou o grupo RAR que hoje é detido em 90% pelo filho Nuno Macedo Silva, disse-lhe: “O menino é suficientemente rico para não precisar de trabalhar, mas se quiser trabalhar tem de ser a sério.”

Se o lucro é o principal móbil pessoal e a condição para a sobrevivência para a organização, um dos impulsos para a obra empresarial é também o apelo da posteridade. Que tem as suas astúcias. Há ironias na busca da eternidade, na obra que se deixa. Manuel Boullosa dizia que tudo o que fez, foi para “fazer um nome porque não era ninguém”. Mas da sua obra faz-se história, mas não sobreviveram muitas empresas que digam o seu nome no presente. Por sua vez, em 1792, Jerónimo Martins, galego como Manuel Boullosa, só quis fazer uma boa loja para os seus clientes, e o seu nome perdura há mais de 200 anos no mundo dos negócios.

Filipe S. Fernandes

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