Depois de perdidas (ou roubadas…) as eleições presidenciais de 1958 e impedido
de regressar ao que ocupava de Director Geral da Aviação Civil, Humberto
Delgado tentou organizar as forças que o apoiaram num Movimento Nacional
Independente. Mas as coisas não estavam a correr bem e numa carta de Carta de
20 de Outubro de 1958 ao directório, constituído por Vieira da Almeida, Artur
Andrade, Moreira d’Assunção, Cunha Leal, António Sérgio e Arlindo Vicente,
tinha dois desabafos muito interessantes sobre o funcionamento interno das
organizações:
Numa delas dizia que naquele movimento “em que abundam os estrategos,
mas faltam os logísticos, em que abundam cérebros para congeminar, mas faltam
braços para fechar e selar cartas, em que há despesas, mas não há bolsas”. Noutra ficava evidente a dificuldade que ainda hoje
em Portugal se tem em aceitar as críticas e de as levar para um plano pessoal: “o
chefe /Humberto Delgado/ é um homem que adora a colaboração a que, aliás, por
muitos anos de trabalho colectivo e internacional está habituado, ao contrário
de tantos que pregam democracia, mas à mais pequena discussão se tornam
egocêntricos, egotistas, falantes, mas não ouvintes”.
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