quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Estrategos e logísticos e o chefe


Depois de perdidas (ou roubadas…) as eleições presidenciais de 1958 e impedido de regressar ao que ocupava de Director Geral da Aviação Civil, Humberto Delgado tentou organizar as forças que o apoiaram num Movimento Nacional Independente. Mas as coisas não estavam a correr bem e numa carta de Carta de 20 de Outubro de 1958 ao directório, constituído por Vieira da Almeida, Artur Andrade, Moreira d’Assunção, Cunha Leal, António Sérgio e Arlindo Vicente, tinha dois desabafos muito interessantes sobre o funcionamento interno das organizações:
Numa delas dizia que naquele movimento “em que abundam os estrategos, mas faltam os logísticos, em que abundam cérebros para congeminar, mas faltam braços para fechar e selar cartas, em que há despesas, mas não há bolsas”. Noutra ficava evidente a dificuldade que ainda hoje em Portugal se tem em aceitar as críticas e de as levar para um plano pessoal: “o chefe /Humberto Delgado/ é um homem que adora a colaboração a que, aliás, por muitos anos de trabalho colectivo e internacional está habituado, ao contrário de tantos que pregam democracia, mas à mais pequena discussão se tornam egocêntricos, egotistas, falantes, mas não ouvintes”. 

Sem comentários:

Enviar um comentário