Richard Barker, que foi director de MBA da
Cambridge University, definiu o gestor como “pau para toda a obra” ou, seguindo
o ditado espanhol, “aprendiz de tudo, mestre de nada”, referindo que a função
do “gestor é geral, variável e indefinível”. O gestor António Horta Osório diz
numa carta a um jovem gestor que “a gestão não é uma ciência, nem uma arte, é
um exercício inteligente e sensato de tomadas de decisão, sempre com informação
incompleta (ao contrário dos exames na universidade), que terás de fazer ao
percorrer o teu próprio caminho, e em que chegarás mais longe se te esforçares
mais e se estiveres sempre mais bem preparado”.
Rui Vilar elaborou para as aulas de gestão a
seguinte definição: “organização, condução e controlo do processo combinatório
de um dado conjunto de meios (humanos, físicos, financeiros e intangíveis) para
produzir bens ou serviços, de acordo com certos objectivos e visando determinados
fins, num enquadramento evolutivo e mutável”. Mas como diz Belmiro de Azevedo, “a
gestão nada tem de misterioso. É uma arte simples, que se reduz a bom senso,
mais, boa formação, mais, boa informação. Mas, sobretudo, o que conta é o bom
senso”.
Muitas destas citações, provérbios, expressões
obedecem ao primado da experiência e surgem como reflexões práticas da gestão e
da administração das empresas e das organizações. O seu principal valor é pois o
do exemplo. Mas também emergem como expressões conceptuais que têm a sua origem
no crescente caudal de conhecimentos das disciplinas científicas da gestão. Por
outro lado, pressente‑ se a ideia
do “empresário como factor de produção”, que se reuniria aos comuns factores de
produção do capital e do trabalho. E muitas delas andam em volta da canónica
definição de gestor da Shell, em que as qualidades exigidas eram o poder de
análise, imaginação, sentido da realidade, visão de helicóptero e liderança.
Para Gary Hamel, “o sistema de gestão – que
abrange uma variedade de análises, orçamentação do capital, gestão de
projectos, compensações por desempenho, planeamento estratégico e outros temas –
entra na classe das grandes invenções da humanidade – ao mesmo nível do fogo,
da escrita e da democracia”. Mas neste conjunto de citações entra‑se mais no corpo do gestor e do empresário do
que na arte e ciência da gestão e traduz‑se também a forma como as condições de exercício da gestão têm mudado
significativamente nos últimos anos.
Como explicava recentemente o empresário Alexandre
Soares dos Santos, “o que se exige hoje a um administrador não é comparável ao
que se exigia há 25 anos. Um quadro sénior tem de trabalhar sete dias por semana,
ter sempre o telemóvel ligado e, se houver um problema, tem de se meter num
avião. A globalização implica ir a todos os lados do globo, a sítios onde os
turistas não põem os pés, para comprar os melhores produtos”.
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