Luís Portela, 63 anos, é, desde Janeiro de 2011, chairman
da Bial, tendo passado as funções executivas para o filho, António Portela.
Médico acabou por no fim dos anos 70 assumir a direcção da Bial, fundada pelo
avô em 1927, e transformá-la numa farmacêutica com capacidade de fazer I&D
tendo recentemente lançado o antiepiléptico Zebinix.
Uma das soluções para o equilíbrio económico-financeiro de Portugal passa
pelo aumento das exportações, ou seja, pelas empresas. Considera que estas têm
feito o sue papel?
O aumento das exportações de bens e serviços é muito importante para
sustentar uma estratégia de crescimento para o país. Alguns sinais
encorajadores têm vindo a público, tanto pelo ritmo de crescimento, como pela
diversificação dos destinos, como pelo aumento, ainda que ligeiro, do conteúdo
tecnológico das exportações.
O papel das empresas neste domínio é fulcral e tem havido uma clara
reorientação da prioridade de algumas para a diversificação dos destinos dos
seus produtos, de modo a minorar os efeitos dum menor dinamismo da procura
interna e dos principais mercados de destino na Europa.
Esta aposta na internacionalização das empresas, incorporando maior valor
nos produtos e serviços, é um caminho longo, com escolhos e dificuldades, mas
absolutamente decisivo para um novo percurso desenvolvimentista para o
nosso país, pelo que tem de ser muito reforçada.
Mas, é um caminho que deve mobilizar o conjunto da sociedade, sendo um objectivo
das empresas, que deve ser apoiado pelas universidades e pelos centros de
investigação, bem como pela administração pública e pela diplomacia económica.
Quais são, no seu entender, as principais características comuns às melhores
empresas portuguesas?
A cultura do curto prazo, de objectivos imediatos, é a principal limitação
da acção para um percurso de sucesso. Vemos isso em todos os domínios da
sociedade, do desporto aos negócios e às políticas públicas. Em contraponto, as
empresas que melhor desenham uma visão de longo prazo, são aquelas que de forma
mais consistente têm ganho capacidade competitiva, num mundo cada vez mais
concorrencial.
Quais são os maiores obstáculos que se colocam à competitividade das
empresas portuguesas?
Construir uma economia competitiva é um caminho sem fim. Num mundo
concorrencial, as vantagens adquiridas podem ser perdidas a todo o momento,
assim como as desvantagens podem ser superadas pela concretização dum projecto
consistente.
Este desafio de superação permanente exige do lado das empresas e das
lideranças atenção e dedicação, paixão e perseverança. Inovação e
internacionalização são duas variáveis chave nas estratégias competitivas.
Qualidade e mobilização dos recursos humanos, num ambiente estimulante à
criatividade, mas rigoroso no desempenho individual, são outros desafios para a
gestão empresarial.
Mas, também importa ter do lado do Estado regras claras, eficiência na acção,
rapidez nas decisões, estimulo à inovação, ao conhecimento e ao espírito
empreendedor, prioridade àqueles que concretizam boas práticas e respondem aos
desafios e problemas com que a sociedade se confronta.
Com
base na entrevista publicada no Jornal de Negócios de 4 de junho de 2013 e que
também pode ser lida no site:
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