sexta-feira, 5 de julho de 2013

A crise mata boas empresas

“É inevitável que empresas mesmo “boas” venham a desaparecer”

 António de Sousa, 58 anos, é administrador da ECS Capital, de que foi um dos fundadores em 2006. Entre as empresas detidas pelos fundos geridos pela ECS, contam-se, entre outras, a Cifial, o grupo CS, a Artlant, a Move On, a More Textile (Coelima, António Almeida & Filhos e José Machado Almeida) e o Grupo Montalva, proprietário das marcas Izidoro, Damata, DIN, Intergados e Progado. Licenciado em Gestão pela Católica e doutorado na Wharton School, foi gestor do IPE, Banco Totta & Açores e presidente da Caixa Geral de Depósitos. Nas funções públicas passou pelas secretarias de Estado da Indústria, Comércio Externo e das Finanças, e foi governador do Banco de Portugal, de Junho de 1994 a Fevereiro de 2000.

Quais são, no seu entender, as principais características comuns às melhores empresas portuguesas?
As melhores empresas portuguesas têm em comum pelo menos as seguintes características: a) Gestão altamente profissionalizada; b) Capacidade de concorrer a nível internacional; c) Estratégia de desenvolvimento bem delineado

Qual é sua avaliação da qualidade da gestão das empresas portuguesas?
Nos últimos anos tem-se assistido a uma melhoria significativa da qualidade de gestão das empresas portuguesas nomeadamente com a necessidade de concorrerem internacionalmente. Infelizmente ainda há lacunas graves de profissionalização.

Quais são os principais obstáculos à competitividade das empresas portuguesas?
Os principais obstáculos à competitividade são para mim os custos de contexto que derivam de um sistema burocrático muito pesado – licenças, regulamentação excessiva e desadequada, sistema fiscal…
Realço ainda as dificuldades criadas pelo Estado, nas suas várias vertentes, enquanto mau pagador – desde os atrasos no reembolso de IVA, até ao pagamento atrasado de facturas - e a lentidão e imprevisibilidade da Justiça.
Em suma o grande obstáculo à competitividade das empresas portuguesas centra-se no mau funcionamento de Estado, nomeadamente devido à lentidão e imprevisibilidade.

Esta crise também fez desaparecer boas empresas?
Numa crise de dimensão da que vivemos é inevitável que empresas mesmo “boas” venham a desaparecer. Como exemplo aponto a fragilidade de capitais próprios que muitas vezes condenaram empresas que de outra forma tinham todas as características para ultrapassar a actual situação.

Publicado no Jornal de Negócios a 12 de junho de 2013

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/premio_excellens_oeconomia/detalhe/e_inevitavel_que_empresas_mesmo_boas_venham_a_desaparecer.html

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