“É inevitável que empresas mesmo “boas” venham a desaparecer”
António de Sousa, 58 anos, é administrador da ECS Capital, de
que foi um dos fundadores em 2006. Entre as empresas detidas pelos fundos
geridos pela ECS, contam-se, entre outras, a Cifial, o grupo CS, a Artlant, a Move
On, a More Textile (Coelima, António Almeida & Filhos e José Machado
Almeida) e o Grupo Montalva, proprietário das marcas Izidoro, Damata, DIN,
Intergados e Progado. Licenciado em Gestão pela Católica e doutorado na Wharton
School, foi gestor do IPE, Banco Totta & Açores e presidente da Caixa Geral
de Depósitos. Nas funções públicas passou pelas secretarias de Estado da
Indústria, Comércio Externo e das Finanças, e foi governador do Banco de
Portugal, de Junho de 1994 a Fevereiro de 2000.
Quais são, no seu
entender, as principais características comuns às melhores empresas
portuguesas?
As melhores
empresas portuguesas têm em comum pelo menos as seguintes características: a) Gestão
altamente profissionalizada; b) Capacidade de concorrer a nível internacional;
c) Estratégia de desenvolvimento bem delineado
Qual é sua
avaliação da qualidade da gestão das empresas portuguesas?
Nos últimos anos
tem-se assistido a uma melhoria significativa da qualidade de gestão das
empresas portuguesas nomeadamente com a necessidade de concorrerem
internacionalmente. Infelizmente ainda há lacunas graves de profissionalização.
Quais são os
principais obstáculos à competitividade das empresas portuguesas?
Os principais
obstáculos à competitividade são para mim os custos de contexto que derivam de
um sistema burocrático muito pesado – licenças, regulamentação excessiva e
desadequada, sistema fiscal…
Realço ainda as
dificuldades criadas pelo Estado, nas suas várias vertentes, enquanto mau
pagador – desde os atrasos no reembolso de IVA, até ao pagamento atrasado de
facturas - e a lentidão e imprevisibilidade da Justiça.
Em
suma o grande obstáculo à competitividade das empresas portuguesas centra-se no
mau funcionamento de Estado, nomeadamente devido à lentidão e
imprevisibilidade.
Esta crise também
fez desaparecer boas empresas?
Numa crise de
dimensão da que vivemos é inevitável que empresas mesmo “boas” venham a
desaparecer. Como exemplo aponto a fragilidade de capitais próprios que muitas
vezes condenaram empresas que de outra forma tinham todas as características
para ultrapassar a actual situação.
Publicado no
Jornal de Negócios a 12 de junho de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário