A figura
do empresário é central nos últimos dois séculos
O historiador José Mattoso defende uma tese
de que é a forma centrípeta do Estado central – “o centralismo em
Portugal é uma constante com uma força espantosa, que quase faz desaparecer o
País” - que faz com que os portugueses se tenham dedicado mais a comerciar do
que a produzir. Já disse que Eça de Queiróz, quando nos Maias retratou a
sociedade portuguesa do último quartel do século passado, escolheu três gerações
de fidalgos arruinados, enquanto Thomas Mann, descendente de um grande negociante,
escolheu os armadores Buddenbrooks, comerciantes de porta aberta.
No entanto, a história empresarial
portuguesa, sem contrariar totalmente estas teses, não deixa de mostrar obras
de grande arrojo, visão, vontade. Serão poucas e escassas, com excepção da
epopeia das Descobertas mas que não deixou de ser sobretudo uma gigantesca
operação comercial e logística. Claro que, como dizia Brecht, não foi o
Imperador que fez a Muralha da China. Por outro lado, como observa o
historiador E. J. Hobsbawn, “o capitalismo não serve para realizar qualquer
particular selecção de produto mas sim para fazer dinheiro”.
A figura do empresário, mas suas múltiplas
constelações, encarnações e figurações, é uma figura central dos dois últimos
séculos. Ao longo deste tempo, enquanto instigadores da actividade produtiva,
serem vistos um pouco ao modo de como os Gregos viam o comércio; era apenas
ganância e, portanto, uma actividade desprovida de Sentido. Mas na América dos
anos 40 já Max Horkheimer detectava os sinais de empresários como os novos
heróis e como parte do star-system da sociedade de comunicação.
Filipe S. Fernandes
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