Em
1916 Henry Ford decidiu não distribuir aos accionistas uma parte dos dividendos
gerados pela Ford Motor Company. Essa parcela seria destinada a investimentos
na capacidade produtiva, no aumento de salários e a um fundo de reserva para
fazer face à provável quebra de resultados devido à futura redução do preço de
venda dos automóveis. Mas dois accionistas, John e Horace Dodge não gostaram da possibilidade de o dinheiro ser desviado dos dividendos para aumento de salários e
contestaram a decisão em tribunal. Estes irmãos entraram no negócio pelas
bicicletas e começaram a ser fornecedores de componentes automóveis da Ford em
1902 mas como Henry Ford não tinha dinheiro para lhes pagar retribuiu com 10% das acções da
empresa. Mais tarde construíram o primeiro automóvel com carroçaria feita de
aço e criaram a marca Dodge. Na querela com Henry Ford os irmãos Dodge acabaram
por ver o Supremo tribunal dar-lhe razão com o argumento de que as empresas
existiam para dar lucro aos seus accionistas e que o papel dos gestores era
garanti-lo. Argumento expendido anos mais tarde por Milton Friedman quando
escreveu que na economia livre “só há uma responsabilidade social do capital –
usar os seus recursos de dedicar-se a actividades destinadas a aumentar os seus
lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar
de uma competição livre e aberta, sem enganos ou fraude”. Em 1953 a A. P Smith
Manufacturing Company fez uma doação à Universidade de Princeton e alguns
accionistas contestaram a decisão. Na sequência deste diferendo surgiu legislação em que se passou a permitir que
as empresas pudessem ter um papel filantrópico e de responsabilidade social.
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