segunda-feira, 6 de maio de 2013

Henry Ford, os irmãos Dodge e a responsabilidade social


Em 1916 Henry Ford decidiu não distribuir aos accionistas uma parte dos dividendos gerados pela Ford Motor Company. Essa parcela seria destinada a investimentos na capacidade produtiva, no aumento de salários e a um fundo de reserva para fazer face à provável quebra de resultados devido à futura redução do preço de venda dos automóveis. Mas dois accionistas, John e Horace Dodge não gostaram da possibilidade de o dinheiro ser desviado dos dividendos para aumento de salários e contestaram a decisão em tribunal. Estes irmãos entraram no negócio pelas bicicletas e começaram a ser fornecedores de componentes automóveis da Ford em 1902 mas como Henry Ford não tinha dinheiro para lhes pagar retribuiu com 10% das acções da empresa. Mais tarde construíram o primeiro automóvel com carroçaria feita de aço e criaram a marca Dodge. Na querela com Henry Ford os irmãos Dodge acabaram por ver o Supremo tribunal dar-lhe razão com o argumento de que as empresas existiam para dar lucro aos seus accionistas e que o papel dos gestores era garanti-lo. Argumento expendido anos mais tarde por Milton Friedman quando escreveu que na economia livre “só há uma responsabilidade social do capital – usar os seus recursos de dedicar-se a actividades destinadas a aumentar os seus lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma competição livre e aberta, sem enganos ou fraude”. Em 1953 a A. P Smith Manufacturing Company fez uma doação à Universidade de Princeton e alguns accionistas contestaram a decisão. Na sequência deste diferendo surgiu legislação em que se passou a permitir que as empresas pudessem ter um papel filantrópico e de responsabilidade social.

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