segunda-feira, 29 de abril de 2013

A lei das três gerações


Muitas vezes as empresas familiares tornam-se autênticos palcos onde se desenrola o Rei Lear, de Shakespeare. Uma das teses mais importantes, que no âmbito dos estudos sobre empresas familiares se cunhou, foi a denominada “lei das três gerações”, ou seja, as empresas tendem a desaparecer na terceira geração da família. Mas a mortalidade das empresas familiares, um dos principais vectores do empreendedorismo, parece ser ainda maior em estruturas que estão longe de ter essa longevidade. O problema das empresas familiares é que morrem por conflitos familiares logo na primeira geração. O investigador norte-americano, John Ward mostra que “65% das empresas, que abrem falência em todo o mundo, quebram, não por problemas de mercado, mas por conflitos entre os membros da família”.

As organizações familiares passam por processos de sucessão, de partilha, de disputa de poder que introduzem elementos de perturbação, e são o lastro para os conflitos, o caminho sem retorno das divergências irreconciliáveis. É nestas alturas que as empresas familiares são autênticos palcos em que se actualiza em cena a peça Rei Lear, de Shakespeare, em que a sucessão dá lugar a episódios de intriga, de traição, de persuasão, de amor e de ódio. Talvez sejam os momentos em que as empresas se tornam mais humanas porque tomam consciência da sua finitude. E se sintam estimuladas a adaptarem-se para sobreviver. Como grande parte das empresas, desde o pequeno empresário em nome individual até alguns dos maiores grupos portugueses e estrangeiros, são familiares, este é um problema fulcral no mundo dos negócios.

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