Em 1966 quando Manuel de Mello faleceu os quatro irmãos
trataram da herança em que se incluía o Grupo CUF, como recordava Jorge de
Mello, “em 14 minutos”, mas Maria Cristina Mello, ex-mulher de António
Champalimaud, recorrera ao aconselhamento de Mário Soares, e a solução gizada
tivera o dedo de Marcello Caetano. Foi então criada a Sogefi, que passou a ser
holding de um grupo com mais de 150 empresas. Quase quarenta anos depois, a
sucessão de José de Manuel Mello aconteceu em outras circunstâncias. Em 1975 o
grupo CUF fora nacionalizado e os irmãos Mello, nomeadamente Jorge e José de
Manuel, decidiram que cada um “pedalaria a sua bicicleta”. Assim quando, a 20
de maio de 2004, na reunião conselho de administração da José de Mello, holding
do grupo, José Manuel de Mello, aos 77 anos, anunciou a passagem de testemunho
da liderança para o filho, Vasco de Mello, não houve surpresa nem dúvidas.
Nesta altura já existia a tradicional reunião com os 12 filhos no chamado
conselho de família que normalmente se realizava na Casa Ribafria em Sintra. A
2 de Fevereiro de 2006 José Manuel de Mello foi internado de manhã no hospital
da CUF, na Infante Santo em Lisboa depois de ter um acidente vascular cerebral
(AVC), entrando em coma até ao suspiro final na madrugada de 16 de Setembro de
2009. Mas os negócios mantiveram-se a funcionar em pleno tendo como principais
executivos os filhos Vasco, 57 anos, Pedro, 55 anos, João, 51 anos, e Salvador,
48 anos. O grupo está repartido em termos accionistas pelos 12 filhos (seis
irmãos e seis irmãs) que fazem parte do conselho de família. Uma vez por ano é
realizada uma reunião de família (cônjuges e filhos). Existe um protocolo
familiar que define algumas regras e princípios. Começa por sublinhar que
Família e Grupo são entidades com motivações e critérios diferentes. Por outro
lado refere que a gestão deve ser profissional e com respeito permanente pelos
três valores fundamentais do Grupo José de Mello. Por isso estabelece também
regras para os membros da família poderem ter acesso a cargos dentro do grupo. Para
isso, devem ter um título académico, experiência profissional fora do grupo com
bom desempenho (mais valorizada se for experiência internacional) e terem mais
de 27 anos.
Na sua reconstrução a partir de 1980, o grupo de Jorge de
Mello, em que pontifica hoje a Sovena, um dos players mundiais no azeite, foi
preponderante a acção do filho Manuel Alfredo de Mello, 65 anos. Este na década
de 90 afirmou a sua liderança executiva, embora Jorge de Mello, 92 anos, se
mantivesse um conselheiro próximo, atento e interventivo. Mas em 2003, depois
de uma queda que lhe provocou uma fractura no colo do fémur, Jorge de Mello,
teve um AVC, esteve em coma, e está em casa mas não tem qualquer actividade.
Entretanto, Manuel Alfredo de Mello acabou por comprar as participações no
grupo de alguns dos seus nove irmãos e já está a fazer a passagem de testemunho
para a quinta geração para o filho, Jorge Salema Garção de Mello, 40 anos. No
fundo Manuel Alfredo de Mello está a fazer a poda da árvore genealógica
familiar enquanto dona da empresa.
Pedro Queiroz Pereira, 64 anos, representa a terceira
geração de negócios na família, depois do avô Carlos Pereira, que liderou a
Epal e do pai, Manuel Queiroz Pereira que constituiu um império, grande parte
do qual se perder na voragem das nacionalizações. No fim dos anos 80 com a
morte do pai, Manuel Queiroz Pereira, aos 88 anos, e do irmão mais velho, Manuel
Queiroz Pereira, ficou como líder da família, Pedro Queiroz Pereira. Conseguiu
conquistar nas privatizações a Secil e CMP, nos cimentos, e da Portucel, na
celulose e no papel, que se juntou à Sodim, Sonagi entre outros activos. Em
1994, Margarida Queiroz Pereira mostrou-se contra o endividamento para se
comprarem as cimenteiras. Em 2003 Margarida vendeu a sua posição na Cimigest.
Há cerca de cinco anos foi a vez de Matilde e Manuel, filhos do irmão Manuel
Queiroz Pereira, trocarem as suas participações no grupo Cimigest por acções da
Semapa e da Portucel e portanto deixaram de estar integrados nas holdings
familiares. Em 2013 foi a vez de Maude Queiroz Pereira surgir a confrontar
Pedro Queiroz Pereira contestando algumas das suas decisões numa guerra em que
também esteve o Grupo Espírito Santo, um velho aliado e amigo da família, e os
primos Carrelhas. O acordo final implica que Pedro Queiroz Pereira se torne
maioritário no grupo.
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