Surgiu no mercado com um produto disruptivo que
a diferenciou da concorrência. Agora quer aumentar a visibilidade mundial da
marca e ganhar mais clientes para se tornar numa mega-corporação.
A Outsystems foi uma ideia nasceu entre cinco
engenheiros que, liderados por Paulo Rosado, lançaram este projecto em março de
2001. Pouco depois ficavam quatro empreendedores a que se associaram empresas
de capital de risco como a Espírito Santo Ventures e a Portugal Ventures. Na
base estava uma ideia disruptiva e que era a de colocar os sistemas de informação
a mudar à velocidade com o que negócio das empresas se altera. Até então, os
sistemas de informação não conseguiam acompanhar a velocidade de mudança dos
negócios. Com o produto da Outsystems, os sistemas de informação passam a ser
construídos para mudar com o negócio, a comprimir ciclos de desenvolvimento e a
produtividade pode aumentar até 10 vezes mais. De uma forma muito gráfica e
simples Paulo Rosado explica o que faz a empresa tecnológica: “temos uma
plataforma de software Agile que vendemos a médias e grandes empresas e que lhe
permite construir aplicações inovadoras e diferenciadoras, feitas à medida, que
resolvem os seus problemas específicos e que são aplicações que não conseguem
comprar a outros vendedores directamente da prateleira. Nós resolvemos um
problema endémico em todo o mundo”.
Quando a Outsystems surgiu já tinha como
horizonte a emergência da cloud, que no entanto, como reconhece Paulo Rosado,
demorou mais tempo a implantar-se. Imaginaram que iria explodir dois anos
depois mas só em 2009 se impôs. Logo a seguir ao seu nascimento, a Outsystems
recebeu a chancela da Fortune que em 2003 a elegeu como uma das seis start-ups mais promissoras a nível
mundial. E acertou, até porque Paulo Rosado não era um ilustre desconhecido
pois em 1997 lançara a Intervento, que venderia, dois anos depois, à Altitude
Software.
O Ferrari do seu mercado
A empresa
distribui-se pelo mundo com escritórios em Atlanta e Sillicon Valley (EUA),
Utrecht (Holanda), Londres, Singapura. Mas os centros de engenharia são em
Linda-a-Velha, onde num amplo piso, com o ar cool e as salas de reuniões
informais típicas das empresas tecnológicas, se distribuem cerca de 200 pessoas
e Proença-a-Nova, onde habitam 30 engenheiros. A tecnológica portuguesa é uma
das três empresas líderes neste mercado, onde começam a pulular as start-ups,
mas Paulo Rosado gosta de repetir o que lhe disse um cliente: “a Outsystems é o
Ferrari na tecnologia para o desenvolvimento empresarial”. O seu espectro de
clientes vai de uma igreja evangélica no Texas até grandes empresas
portuguesas, bancos no Norte da Europa ou o exército dos Estados Unidos. São
mais de 350 clientes em 20 sectores de actividade, oriundos de 22 países e que
utilizam as mais de 36 mil de plataformas, que, desde 2008, passaram a ser
licenciadas. Consideram-se uma empresa de produto e, apesar de Paulo Rosado,
não dar números da empresa (“em
relação a facturação e lucro não fazemos comentários” limita-se a dizer como um
mantra), estima-se que possa atingir este ano os 30
milhões de euros, depois de ter facturado cerca de 20 milhões em 2012, mais 47%
do que em 2011. Os lucros passaram 728 mil euros para 2,6 milhões de euros no
mesmo período.
Diz Paulo Rosado que a Outsystems tem um “modelo
de negócio resistente às flutuações do mercado e da economia” e em que “não há
limites neste mercado”. Na base está um sonho e uma oportunidade de “criar
alguma coisa de grande, uma mega-corporação tecnológica de base portuguesa”, e que
mostre a “qualidade da engenharia portuguesa”. O CEO diz que a empresa tem uma
situação financeira “fortíssima” e que, mais do que fazer aquisições, pretende
investir em “aumentar a visibilidade da nossa marca mundialmente” e angariar
mais clientes novos. O capital da empresa reparte-se pelos quatro fundadores e
colaboradores e, com posição minoritária, a Espírito Santo Ventures e a
Portugal Ventures.
Texto publicado na edição do Jornal de Negócios no
âmbito do Prémio Portugal PME a 30 de Outubro de 2013