quinta-feira, 4 de junho de 2015

Os 10 Mandamentos de Amancio Ortega

Amancio Ortega fez em cerca de 50 anos um dos maiores impérios no mundo da moda e tornou-se no segundo homem mais rico do Mundo.Luis Lara y Jorge Mas, “Por qué unas tiendas venden y otras no”, Libros de Cabecera, Madrid, 2012 Num recente livro recolheram-se algumas das poucas declarações do empresário da Corunha para dar a sua visão dos negócios e da gestão.

“Não estudei o suficiente”
A minha universidade foi a minha profissão. Comecei a trabalhar aos 13 anos. O meu trabalho é a dedicação plena. O que a empresa necessita damos-lhe todos os dias. A minha prioridade permanente é a empresa. A minha vocação é empresarial. Não gostava dos empresários de antigamente. Queria mudar socialmente o mundo do empresário. É nestes momentos que vejo as minhas carências. Ao falar-se da minha trajectória repete-se mil vezes que comecei a trabalhar aos 13 anos. É verdade, mas não se acrescenta que, como não podia fazer tudo, não estudei o suficiente. Agora sinto falta”.

“Não precisamos de consultores”
Dar verdadeira autonomia às pessoas é a chave. Damos autonomia total a toda a gente. Um controle anual e ponto, é o que gostaria que me fizessem. Damos a responsabilidade de uma loja que vende 30 milhões de euros a uma pessoa de 25 anos, que é quem dirige a loja. Crio sempre concorrência interna. Não precisamos de consultores. Será que as pessoas que não vivem o dia-a-dia vão conhecer mais e melhor o nosso negócio do que nós?

“Na vida, o importante é estabelecer metas e cumpri-las”
Sempre deleguei o que não gostava como os temas fiscais, de finanças e de recursos humanos. Envolvia-me no que mais gostava como a distribuição e o produto. Antigamente vinha aos sábados e domingos e fazia as colecções. Agora não desenho, desde há uns anos que não faço as colecções. O importante é estabelecer metas na vida e colocar toda a alma no seu cumprimento. A empresa vai muito bem porque cada um tem claras as suas funções”.

“O optimismo é negativo”
O pior é a autocomplacência. Nesta empresa nunca nos fiámos. Nunca ficava contente com o que fazia e sempre tentei inculcar isto nas pessoas que me rodeavam. O optimismo é negativo. As coisas são mais fáceis do que se pensa, às vezes rebuscamos as coisas. Falar tanto é negativo… Há que colocar diariamente a organização virada para baixo. O sucesso nunca está garantido”.

"Se ganhei tanto dinheiro foi porque o meu objectivo nunca foi ganhar dinheiro”
Sem crescimento, uma empresa morre. Uma empresa tem que estar viva pelas pessoas que tem. O crescimento de fábricas, centros de distribuição, lojas, é um mecanismo de sobrevivência. Sem essa capacidade extra de activos não existe a flexibilidade. Os resultados não são tão importantes, nunca olho para eles. O que fazemos é inovar e não olhar para os resultados. Se ganhei tanto dinheiro foi porque o meu objectivo nunca foi ganhar dinheiro”.

“Na moda a rua é a grande passerelle”
A nossa inspiração não está só nas passerelles. O meu conselho a quem queira fazer alguma coisa de disruptor é que observe a rua. É a grande passerelle. Os outros não me interessam tanto. A moda está na rua. Zara não é moda galega nem espanhola, é moda (sem apelidos). Existe o mesmo estilo de mulher em todas as Zaras. Cada loja Zara pode atender um tipo distinto de cliente, mas no caso das mulheres, todas são “a mulher Zara”. Sempre se selecciona um estilo de mulher, porque  o mundo inteiro não seria possível.

“Não podemos falhar, o produto tem de ser o certo”
Não podemos falhar. O produto tem de ser o certo. Há que potenciar a unidade entre o design e a área comercial. No design o mundo copia a Europa. Numa viagem ao Japão vi roupa interior de cor azul e vermelha. Procurei copiá-la. Um suíço trouxe-me as peças de tecido e ainda tenho o armazém cheio. A roupa é universal. Não desenhas para 84 países, desenhas um vestido para 84 países. Não é complexo.

"Comprar um local caro nunca foi um fracasso”
Ninguém investe tanto em distribuição como nós. O dinheiro tem de se colocar na loja, que é a marca. Sinto que respiro através das lojas, que são o coração da Inditex. Comprar um local caro nunca foi um fracasso.

“Escutar os clientes”
Sempre gostei de me sentar com os mais criativos e escutar o que me propõem… Gosto muito de escutar. Quero andar de um lado para o outro do edifício para me manter a par do que acontece. Quando uma pessoa chega de Xangai, pergunto-lhe sempre o que se vende, porquê e como. O que mais nos ajudou a ter êxito nas vendas é que diariamente recebemos a informação do que é que está a acontecer nas lojas em todo o mundo. O consumidor é o que tem a palavra, cada vez com mais força cada dia, e nós aprendemos que é fundamental escutá-lo.

“Quero soluções imediatas para os problemas”
Quero soluções imediatas para os problemas: se for preciso viajar hoje, viaja-se. Há que chamar as coisas como são: ao pão, pão e ao vinho, vinho. O que vale hoje não tem porque valer amanhã, o mais provável é que não sirva para nada.

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